Livro: O Vendedor de Sonhos
Autor: Augusto Cury
Editora: Academia de Inteligência - Editora Planeta
Edição / Ano: 27ª Reimpressão - 2008
Idioma: Português
Classificação: 5/5
Um homem misterioso, que esconde muitos segredos. Não tem mais nada a perder. Nada consegue segurar suas palavras e gestos, a ponto de tentar ajudar a todos que precisam e querem ajuda; mas também sem deixar de atacar a sociedade e o governo. Não tem medo de expor sua opinião, especialmente a que se refece ao grande manicômio global no qual se vive e ainda insiste-se em chamar de sociedade. O ser humano não está acostumado a pensar e quando confrontado mão sabe o que fazer com as conclusões às quais chega; instigar a mente das pessoas é o que faz melhor através do método socrático enchendo-as de perguntas que ou não são lembradas ou têm respostas dolorosas demais para que se permitam se pensadas. Desta vez, não foi diferente. Vendo um homem prestes a cometer um ato sem volta, na verdade está vendo a oportunidade de salvar uma vida.
"Esse homem é um psicótico ou um sábio? Ou os dois?"
Júlio César é um ególatra convicto. Uma pessoa com uma mente privilegiada que o permitiu ser o que é e ter o que tem: prestígio acadêmico, mestrado e doutorado; é culto e cheio de si. Mas do que adianta tudo isso se agora está em cima de um prédio atraindo a atenção de todos lá em baixo por estar querendo realizar a sua maior façanha e o seu ato mais impensado: o suicídio. Por ter tido uma infância conturbada e cheia de obstáculos, teve que deixar de ser criança cedo. Com isso se desenvolveu como uma pessoa pouco sociável e intolerante. Mas para não se destruir, compensou sua raiva nos estudos. Já um homem, sua vida não deixou de ser complicada fazendo com que chegue à este ponto: estar sendo confrontado por um homem que se intitula Vendedor de Sonhos que o faz repensar a vida e mais ainda, sobre as consequências deste ato que está prestes a realizar.
"Não pense! Porque se você pensar, vai perceber que quem se mata comete homicídios múltiplos: mata primeiro a si, e depois, aos poucos, os que ficam."
Recebendo um convite inesperado, Júlio César não tem nada a perder ao aceitar a oferta. Para quem estava prestes a se matar, na verdade a convite é uma segunda chance de viver. O que não pode imaginar é o quanto sua vida vai mudar, o quanto vai aprender e quantas pessoas incríveis vai conhecer em sua caminhada junto ao Mestre. Encontrando muitas pessoas com as mesmas necessidades de reaprender a viver, ele vai se surpreender com muitas histórias. Bartolomeu é uma dessas pessoas, uma outra alma perdida que mesmo mostrando-se muito bem-humorado, e algumas vezes petulante, é um ser humano com muitas cicatrizes ocultas, porém com muito a aprender e a ensinar. Juntos, e com muitos outros encontrados pelo caminho, formavam um grupo de pessoas que saiam pelas ruas sem rumo com o objetivo de aprender e ensinar, sempre seguindo o Mestre. Um bando de sonhadores que queria mudar o mundo.
A narrativa de Augusto Cury é instigante. A história contada na primeira pessoa não só te deixar curioso para ler cada vez mais, como também te faz querer parar o tempo todo para analisar tudo o que é lido. Cada passagem faz com que o leitor queira pensar na vida, fazer uma anotação e até mesmo aplicar no dia-a-dia o que aprendeu. O enredo nos leva a desvendar os mistérios do personagens na medida certa, ou seja, no momento certo e de forma muito coerente. Com muitos questionamentos, o livro se torna crítico a ponto de fazer com que o leitor tenha vontade de debater os assuntos, pensar melhor nas ideias desenvolvidas e ir além dos limites do preconceito. É um livro que pode ser recomendo para ser lido e relido sempre que se precisa lembrar daquilo que faz com que se queria seguir adiante, em busca dos objetivos muitas vezes esquecidos ou mascarados pela correria do dia-a-dia e o cansaço.
Um best-seller que conquistou o Brasil, a editora fez um ótimo trabalho de formatação e diagramação. A escolha da capa foi maravilhosa e combina perfeitamente com o título: um homem em meio a uma cidade aparentemente fria, abandonada e cheia de nuvens escuras, carregando um cartaz com um céu claro pintado levando a entender que o homem está vendendo a luz que se procura quando se acha que tudo está perdido. Afinal de contas, não é fácil se achar sem nunca se perder. E ele parece estar mostrando o caminho a seguir. Um fato muito importante a mencionar é que o livro ganhou seu filme no ano de 2016 com Júlio César sendo representado por Dan Stulbach. A crítica em geral considerou o filme um pouco fraco, mas indiscutivelmente com uma mensagem positiva.